sábado, 19 de dezembro de 2009

Ode as metades

Somos tantos
em um só
somos metades
tão diferentes
que nem somos inteiros
nem somos só metades.

Tantos eus
num só pote
meio
meio
meio
mesmo que inteiros
somos metades
nem iguais
nem desiguais
metades de ser
que somos um
cheio de metades de seres

Não somos um só
mesmo sendo só um
somos tantos
em tantas metades
que metade vos fala
outra vos olha
outra vos sente
outra vos mente
outra vos julga
outra vos ouve
outra vos toca
outra vos esconde
outra vos revela
outra que pensa
outra que age
uma que repreende
uma que compreende
uma que sorri
uma que é muda
uma que é cega
uma que é surda
uma entende
uma que chora
uma que repele
uma que vos pede
uma que vos nega
uma que vos aceita
são tantas
em tantos meios
que não se perdem
nem se acham

...

somos tantos e tantas
meios e metades
que nem percebemos
e nos achamos um só
sendo tanto tão tanta
metade

Não digo cinquenta porcento
uma
cinquenta outra
somos tão infinitos
em nós mesmos
que não compreendemos-nos
a si, em tantas metades,
mas abusamos em compreender
os outros tão infinitos
em tão infinitas metades

Numa crescente
globalizada pluralizada
singulares metades
metamorfoseam-se
mitoses meioses de eus
que infinitudes de eus
em metades de metades
de metades tão complexas
de complexas metades
que o eu não sabe de si
nem quantos "sis" habitam em um eu

Somos tantos
em tantas partes
que julgam complexos
os humanos
tão simples seres
únicos mesmo
que em infinitas metades

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