quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Destino, coincidência, karma ou acaso: uma estrada de trevas e luzes

Numa estrada de penumbra
sempre a meia luz
nada tão revelado
nada tão encoberto
sempre a meia luz
tudo em perspectiva
de interpretação
dançando no liame da semi-ótica

Nessa estrada tudo tão novo
de novo
tudo tão novo de novo
a história não se repete
é ciclica elipitica e torta
mudam-se as personagens
trocam-se os sujeitos
os predicados
os adjuntos
os complementos
mas o sentido
resiste
não é repetido
a medida que tudo é novo
mesmo que de novo
tudo é novo

...

Entretem o subjetivismo
a ideia de destino
de coisas pré-traçadas
numa introspecção desesperada
de perceber onde reside a culpa
e a participação do ser
no traçado das linhas tortas
de um caminho mudo
de um mundo lido em karmas
hereditariedade das cruzes
uma geneticidade dos erros
e dos acertos
passados inconcientemente
no quociente conciente
das meioses e mitoses
das atitudes pensamentos
virtudes defeitos
sentimentos paixões
depressões
vidas e mortes
reproduzidas na carga genetica
cinquenta por cinquenta
de resgates e resgatados
em familias
amigos
namoradas namorados
em tudo se diz presente
como fruto do passado
amadurecido no futuro
(ou apodrecido)

...

Instigam a objetividade
o fato de serem meras coincidências
todo acontecimento como meras
filhas do acaso
seres soltos no tempo
a deriva no mar dos fatos
dos atos
de uma lógica rota
de uma alógica madrasta
que abandona orfãos
ao fardo do puro
acaso
deus bruto e belo
punitivo e amoroso
"o acaso é um dos deuses mais lindos"
será tudo obra do acaso
filhas de meras coincidências?
a resposta é o proprio acaso que dará
ou seguiremos no estreito cruzamento
da razão da emoção do instinto?

...

Estou numa rua
a cada poste iluminado
cinco, vezes seis ou mais
apagados

Estou no fim de linha
de uma linha de onibus
que não sei qual é
nem sei como peguei-a
mas estou aqui
sem saber por onde rumar
tendo tanto andado sem prumo
ou carregado meu laço pesado
de nós karmicos

Se é tudo fruto
do Destino
algo no futuro
já está pronto

Se é tudo filha
da coincidência
algo no futuro
está sem rumo

A rua tem caminhos
sombrios e penumbrantes
e os mais iluminados
não sei qual lei
que rege
ou o acaso
ou o karma?

Me resigno da minha
ignorância humana
baixo a crista
e sigo persistente
numa caminhada
que não sei para onde vai
nem sei se sei
ou realmente sei para onde vai
abaixo a cabeça
levanto os olhos
tentando iluminar uns postes
e apagar tantos outros.

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