sábado, 24 de outubro de 2009

Resposta à pergunta: “Cm vai vc?”

Indo
Vindo
Na onda

Na vaga
Ida
Na vaga
Vinda

Subindo
Na cheia
Descendo
Na vazante

Vezes
Amante
Na minguante
Depressivo
Numa cheia

Indo
Vindo
Na onda

Na vaga
Ida
Na vaga
Vinda

Descendo
Em calor
Escaldante
Subindo
Em chuva
Torrente

Vezes
Amigo
Na tristeza
Solitário
No sorriso

Sou e vou
De fazes
Por vezes
Por fazes
Sou poeta ou prolixo?
Vou pro ésia ou pro lixo?

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

An? Si... Ah SaLdade

Um vazio
de nó engarguelado
quase sufocado
em busca
do último
suspiro
derradeiro...
Respiro...

...

Uma turba
de mil vozes
mil vezes velozes
zumbindo
zombando
em torno
do último
respiro
derradeiro...
Suspiro...

...

Um vendaval
de olhos juizes
guias cegos
tornad'olhos
a julgar
meu último
pestanejar
derradeiro...
Observo...

...

Um deserto
de silêncios transpirantes
matreiros desejosos
escaldantes
sintilantes
cegantes
de emudar
meu último
olhar
derradeiro...
Pestanejo...

...

Uma enchente
de tanta
quanta gente!
ao redor
rodeando
rodando
minha última
única
derradeira
Solidão saudosa.

...

E eu só
num sal
impaciente
da saudade
tal
um paciente
fibromiálgico
marcado como extra
de pé
com dores
numa sala imensa
de espera
extensa
abarrotada
sem saber quando
vai ser chamado.
Quando?

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Somos todos hipócritas e/ou loucos?!...

I - Nave da hipocrioucura

O Mundo é um teatro mágico
Real
Surreal
Irreal
Profundo fundo raso trágico

O Mundo é um cenário cômico
Retratado Pintado
Atuado
Reluzente aparente opaco cáustico irônico

O Mundo é uma arte pesada
Escrita
Transcrita
Descrita
Criada transformada adaptada copiada


II - Teatro Cenário Papéis

Há paisagem ou pintada
Arquitetada
construída
destruída
natural
ou deformada

Há paisagens formuladas
estruturadas
maquinadas
engrenadas

Há paisagens destituídas
largadas
abandonadas
esquecidas

Há paisagem humanizada
Demonizada
naturalizada
politizada
economicista

Há paisagem formal
social
cultural
natural
informal
informatizada
academicista

São cenas elaboradas
impostas
dispostas
corroboradas

São cenas forjadas
Hereditárias
casuais
sentimentais
emocionais
suicidas

São cenas louvadas
Litúrgicas
Letárgicas
Orgásmicas
humanas
divinas

São cenas trabalhadas
labores
humores
pavores
amores
acertadas
erradas

De papéis densos
impostos
dispostos
simples
compostos

De papéis frágeis
risos
choros
lamentos
contentos

De papéis fortes
deveres
obrigações
direitos
lazeres
prazeres

De papéis tenros
familiares
amizades
amores
paternidades
maternidades
cumplicidades

De papéis fúteis
etiquetas
elegância
postura
riqueza

De papéis cotidianos
rituais
habituais
culturais
cíclicos

De papeis essenciais
higiene
medicinais
escolares
cognitivos

De papéis astros-reis
sapiência
doutores
mestres
bacharéis
marketings
banqueiros
politicagens
politiqueiros


III – Fatos atos gestos risos choros silêncio

Choramos em enterros
Tem aqueles que celebram
Bebem o defunto
Há ainda aqueles que se calam

Sorrimos o nascimento
Uns choram
Uns calam

Indignamo-nos com os crimes
Vistos lidos ouvidos nas mídias
Uns riem
Uns choram
Uns calam
E todos seguimos o que estávamos fazendo

Todos, ou quase, votamos
Uns em festa militante
Uns em coro protestante
Uns calados em melancolia

Todos apontamos os culpados
Pela situação do país
Com o indicador para Brasília
Mas os dedos: o maior de todos
O anelar e o mindinho
Apontam-nos de volta
Há quem culpamos?

Dois anos depois

Todos, ou quase, votamos
Uns em festa militante
Uns em coro protestante
Uns calados em melancolia

Uns choram de fome
Uns sorriem saciados
Uns se calam e comem

Outros tantos choram saciados
Outros sorriem e comem
Outros se calam de fome

Há ainda os que choram e comem
Os que sorriem de fome
Os que se calam saciados

Pessoas choram o amor
Pessoas riem o ódio
Pessoas calam a consciência

Tem os que choram o ódio
Tem os que riem à consciência
Tem os que calam o amor

Choram à consciência
Riem o amor
Calam o ódio

Acusam sorrindo
Julgam chorando
Culpam calando

Acusam julgam culpam
Sorrindo chorando calando
No olhar
Na palavra
Num gesto
E seguindo adiante
Como nada dantes

Há aqueles que são a nata
Estão por sobre tudo
Sobre todos
Tudo podem
Tudo querem
Tudo tem e querem mais
Mas mesmo eles
Riem
Choram
Silenciam
Sendo a nata
De um leite já azedo

Lutamos contra o sistema
Fazemos grupos
Sociedades secretas
Formamos partidos uniões
Erguemos bandeiras
Varamos madrugadas
Traçamos estratégias
Debatemos teorias noite adentro
Logo após
Pegamos nossos carros
Não damos carona
Fechamos o vidro no sinal
E vamos dormir na segurança
Da propriedade privada
Numa cama macia
O sono dos justos indignados

Trabalhamos em jornadas altas
Varando horas extras
Para pagar impostos
E por a mesa
Para uns sem lazer e sem prazer
Para outros com lazer e com prazer
Não nos reconhecemos
Ao fruto do trabalho
Mas reconhecemos
O fruto-salário
Ou Reconhecemos
O fruto do trabalho
E desconhecemos
O pouco salário

O sistema de ensino é uma interrogação?
Ensinam o que?
Aprendem o que?
Matérias impostas
Carteiras dispostas
Turmas compostas

Professores dispostos
Matérias impostas
Alunos compostos

Professores Impostos
Escolas compostas
Alunos dispostos

Escolas matérias professores alunos
Riem choram calam

As famílias célula primaz
De uma sociedade
Fazem parte dessa loucura?
Fazem parte dessa hipocrisia?
São pais mães filhos filhas parentes
Numa cumplicidade constante
De ordem e desordem cíclica
Dentro do mesmo universo

E todos riem
E todos choram
E todos silenciam
Todos risos
Todos choros
Todos silêncios


IV – Humanos

Somos HUMANOS
Não somos deuses
Temos a tendência a nos deusificar
Estabelecemos verdades absolutas
Ciências absolutas
Religiões absolutas
Ideais absolutos
Utopias absolutas
Absolutamos tudo
Numa loucura coletiva
Rimos choramos calamos
Numa hipocrisia coletiva

A única verdade absoluta na vida é a morte
No mais
Somos humanos
Eus em um eu
Somos humanos
Passiveis a erros e acertos
Somos humanos
Nem hipócritas nem loucos
Somos humanos
Animais mamíferos
Somos humanos
Temos liberdade de pensamento
Temos liberdade
Somos humanos
Todos loucos
Todos hipócritas
Somos humanos
Diversos
Universos
Poliversos
Controversos
Cúmplices em nossa humanidade.




Rubinho 01/10/2009