sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Tudo pode se perder na memoria, menos os amores

"Um grande amor agente nunca esquece"
Na minha verdade
isso não cabe
como medir o tamanho
de um sentimento?
sendo ele o amor, então?
.
.
.
Quando o maldito alemão
chegar a mim
e aos poucos fores
fazendo seu assassinio
de lembranças:
sejam suadas choradas
risadas gargalhadas
caricias gozadas
malicias olhadas;
e uma-a-uma
declinar ao seu tiro
degradante
degenerativo
o amor ainda estará
aqui
se não na memoria cerebral
na corporea
cada ruga uma rusga fustigada cançada
presente à pele
pois os amores na vida
(pois quem tem um amor
viveu pouco
eu tive amores)
deixaram suas feridas
umidas ainda
sem sarar por completo
sendo eternas
mesmo que cicatrizem...

As prateleiras da biblioteca-de-recordação
podem esvaziar-se
mas as marcas
na estante da lembraça
sejam desenhos formas
em acumulos de poeiras-neuroniais
ou ranhuras nas sinapses já degeneradas
restarão

Mesmo desconhecendo logicamente
o significado do vislumbre-delirio senil
restarão sentidos
sentimentos variados
mesmo em batimentos
lentos e vagarosos
em espasmos do pré-mortem

Sobrarão amores
mesmo com cerebro vazio
sobrarão mesmo que seja
no outro
em quem fica

2 comentários:

  1. Tô com muita saudade da minha poesia (essa vida-locomotiva às vezes nos priva de nós mesmos)... e estava com muita saudade da sua. Lindos versos. Acabei de deixar correr uma lágrima ao ler também o Dê Lírios Líricos... parece-me absolutamente realizado com a condição de pai. Estou extasiada por você, pela expressão dessa felicidade (que é de uma ordem diferente daquela que você então conhecia, não tenho a menor dúvida). Um beijo muito afetuoso e as melhores energias a esta linda família. Luana

    ResponderExcluir
  2. Abri sem pensar no que eu ia escrever.... e de repente vi que já havia escrito... rsrs. Continuo achando lindo. Continuo com saudade. Continuo buscando a vida a cada dia... beijos!

    ResponderExcluir