quarta-feira, 2 de junho de 2010

A grande (des)ilusão

Quando de tudo
uma vida se inteira
e de uma parte
de tudo reparte
ao passado tende a volver

Refazer as trilhas
já andadas
na memoria
é exercicio comico
se não tragico

A rebeldia da juventude
ardente em vigorosa
intempestiva dona da verdade
passa por cima
qual rolo compressor radical
amassando tudo
qual betume no asfalto

Agindo agindo
não sem pensar
mas num pensar fixo
quase concreto
(porem utopico)
que sua forma
é a forma certa
querendo fazer sua verdade
a verdade universal

Tirano de jovem idade
impõe
e não repõe as perdas
não cura as feridas
machuca e arranha
o que difere de sua imagem refletida
Narciso adolescente
forte e descrente
do pensamento e ações diferentes

Crente cego
em sua fé microscópica
não vê futuro
esquece passado
é só presente
o prazer eufórico
efemero do instante

Trava trincheiras
entre os seus
os teus
e os outros
isolado na ilha-de-ego
.
.
.
A graça tragica
é sentar seus cabelos grisalhos
num banco
e saudoso de sua juventude
perceber o quanto
por tanto
tempo
fou tão pouco
e perdido na sua utopia
poderia ter sido mais
mais se não fosse
assim
quem seria sentado
no banco
nem sabe se estaria?

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