quinta-feira, 4 de março de 2010

temos que ser estanques ou somos voláteis?

O sol que nasce
hoje
não é o mesmo
ao se por a tarde
tão pouco
ao nascer amanhã

O rio que passa
agora
já não é o rio porvir
nem o rio ali na frente
é o que passou aqui

A árvore
na sua
raiz
constante
se move
inconstante
atemporal
não é de hoje
nem de amanhã
muito menos de ontem

O ar não para
                     é aqui
                              não é ali
                                          nem vai ser aculá
nem no passado
nem do presente
nem do futuro
é só
e todo
mo
vi
men
to

Nem o ser humano
tem por tudo
uma fixação no tempo
o tempo todo:
as ideias passam
os amores chegam
os sentimentos virão
as paixões
padecem
padeceram
padecerão

O vivo morre
o morto vive
o novo é velho
o velho é novo

Como a chuva que
cai
mesmo perene
não é aquela, daqui
agora,
a mesma ali
adiante

Como a pedra
milenar
mesmo imovel
na ilusão dos sentidos
não para
nem congela
num ponto fixo do tempo

Tudo muda todo muda tempo tudo tempo todo
tempo todo tempo tudo muda todo tempo muda
tempo muda muda todo tudo tempo tudo todo
tudo todo tudo tempo todo tudo muda tudo
muda tudo todo tudo muda tempo todo tempo
todo tempo tudo todo muda tempo muda tudo
muda tempo todo tempo todo tudo muda tudo
todo tudo muda tudo tudo todo tempo muda
tudo tempo tudo todo tempo muda tempo todo
muda todo tempo muda tempo todo tudo muda
tempo tudo tempo todo tudo muda todo tempo
todo muda tudo muda todo tempo muda tudo

num lapso
flexo
reflexo retorno
nada para tempo todo

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